Tá, tenho de admitir que não sou exatamente um exemplo de organização...
Geralmente, as consequências disso não são lá muito boas então não me orgulho nada disso e vivo me esforçando pra consertar ou pelo menos remediar essa característica da minha personalidade.
Mas como tudo no mundo tem um lado bom, toda vez que vou arrumar coisas a muito tempo guardadas tenho deliciosas surpresas.
Ontem, arrumando a mudança do ateliê encontrei esse caderno de bordados. Começado lá longe, faz um tempão.
Acho delicioso de ver.
Como é também delicioso gastar as horas bordando matinhos, construindo essas delicadezas.
É um trabalho que obriga a um tempo ainda mais lento... uma vontade de retomá-lo...
Além de ser de uma inutilidade preciosa!
"Nasci para administrar o à toa
o em vão
o inútil.
Pertenço de fazer imagens.
Opero por semelhanças.
Retiro semelhanças de pessoas com árvores
de pessoas com rãs
de pessoas com pedras
etc etc.
Retiro semelhanças de árvores comigo.
Não tenho habilidade pra clarezas.
Preciso de obter sabedoria vegetal.
(Sabedoria vegetal é receber com naturalidade uma rã no talo.)
E quando esteja apropriado para pedra, terei também sabedoria mineral."
Manoel de Barros
Esse poema não cabe perfeitamente?
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